sexta-feira, 28 de abril de 2017

A Força

Entrei no Hospital e dirigi-me ao balcão.
Disse ao Sr. que a Dra. estava à minha espera no bloco de partos. Perguntaram-me se eu conseguia andar e eu disse que sim. Segui um outro senhor que olhou desconfiado para a minha barriga.
Ao chegar ao 2º piso quiseram colocar-me logo a agulha na mão. Deram-me umas cuecas enormes para vestir.  Desmaiei ao ver que o sangue me escorria pelas pernas.
Acordei numa cadeira de rodas, a entrar pra o bloco de partos. A média fez-me uma festa na cara e disse-me que ia correr tudo bem. Mandou-me deitar numa maca e colocou-me uma toca. Pediu-me para colocar as pernas em cima de uns varões frios de ferro. Eu tremia. Durante 5 minutos, vi médicos, enfermeiros, e uma anestesista cubana de um lado para o outro, com tesouras e instrumentos assustadores nas mãos. Pensei sobre a minha vida. Respirei fundo e fui buscar forças onde não existiam. A médica disse-me que ia adormecer. Para pensar em coisas boas.
Olhei para o lado e vi uma incubadora. Sombria. Vazia. A sala estava fria, estava em África e lá fora estavam 40 graus.
Imaginei o bebé que não chegou a conhecer o mundo. Mas pensei nele com carinho, com emoção, e adormeci num sono calmo e tranquilo. Lembrei-me da primeira ecografia, do bater do seu coração, que Deus quis que parasse.
 Houve uma força que me acompanhou durante aqueles minutos, horas e dias. Essa força chama-se Amor.

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